Financiamento

A região do Vale do Côa, classificada pela UNESCO como património da Humanidade, no norte interior de Portugal, cobre um vasto território de baixa densidade demográfica, com cerca de 200km2. Neste território, cheio de história e património desde há milhares de anos, encontra-se um importante agrupamento de arte paleolítica, de mais de 80 sítios com arte rupestre e cerca de 1200 rochas gravadas. Desde tempos imemoráveis também a oliveira, a vinha e a amendoeira fazem parte desta paisagem e do modo de vida das suas populações. Nas últimas décadas, a oliveira tem progressivamente vindo a ser abandonada, o que descarateriza a paisagem e constitui uma perda de biodiversidade e património. No atual contexto de alterações climáticas, aparecimento de novas pragas e doenças e eventos climáticos extremos, a diversidade genética é um assunto da maior importância.

Assim, o presente projeto tem por objetivo caraterizar e valorizar o património olivícola ancestral da região do Vale do Côa, tendo em conta a sua importância no passado do ponto de vista económico, histórico, cultural e paisagístico, para a sua valorização atual e futura. Para atingir este objetivo, foi estabelecido um consórcio multidisciplinar de duas instituições públicas de ensino superior (IPB, FFUP), dois centros de investigação (CIMO, Requimte), a Fundação Côa Parque e uma associação de agricultores e desenvolvimento local com forte implantação na região (subcontratação CGEAEDC), contando ainda com apoio internacional de especialistas do Banco Mundial de Germoplasma da Oliveira de Córdoba (Espanha) e suporte do Conselho Oleícola Internacional.

O objetivo do projeto será concretizado através da realização de seis tarefas interligadas entre si e que contribuem para um objetivo comum. A primeira, tarefa 1, é dedicada à gestão e coordenação; na tarefa 2 será implementado o inventário, mapeamento e georreferenciação das oliveiras centenárias da região do Vale do Côa para seleção dos exemplares a trabalhar nas tarefas seguintes. Neste ponto serão selecionados 10 locais, e escolhidas 15 a 20 oliveiras centenárias em cada um, num total de 200 exemplares. Na tarefa 3 serão usados diferentes marcadores moleculares, tais como SSR e EST-SNP, e morfológicos, para construção de uma base de dados da biodiversidade de germoplasma de oliveira da região do Vale do Côa, permitindo a sua comparação com as coleções mundiais dedicadas ao tema.

A informação obtida será complementada na tarefa 4, com a extração de azeites de cada exemplar e caraterização do ponto de vista físico-químico, de composição química (ácidos gordos, tocoferóis, compostos fenólicos e voláteis) e atributos sensoriais, contribuindo desta forma para a preparação de uma base de dados sobre a diversidade química e sensorial dos azeites de oliveiras centenárias do Vale do Côa.

A ligação com a comunidade e valorização de produtos será o foco da tarefa 5, tendo por base a informação recolhida nas restantes tarefas, onde serão propostos novos produtos e serviços contribuindo para fixar população neste território de baixa densidade populacional, gerando valor e recursos para a região. Será desenvolvida juntamente com os agentes locais, e caraterizada, uma linha de produtos de oliveiras centenárias da região do Vale do Côa, utilizando como matéria prima as azeitonas, os azeites e as folhas de oliveira.

Paralelamente, e usando toda a informação recolhida, será desenvolvida a “Galeria das Oliveiras Centenárias da Região do Vale do Côa” que pretende ser uma galeria viva do “Museu do Côa”. Recorrendo a um QRcode, cada exemplar de oliveiras centenárias será identificado, e todo o conhecimento obtido no projeto acerca da sua informação genética, diversidade de composição química e sensorial, a sua história, a interação com o Homem, e o meio ambiente será disponibilizado. Por último, na tarefa 6, serão divulgados os resultados obtidos ao longo da execução do projeto.

A execução deste projeto permitirá, para além do desenvolvimento e da valorização da oliveira no Parque do Côa, contribuirá para um aumento do conhecimento científico, o desenvolvimento rural e a fixação de populações numa área de baixa densidade populacional.